Paquistão bloqueia Tinder por veicular conteúdo ‘imoral’ e ‘indecente’

Vinicius Lobato
4 Min Read

O Paquistão bloqueou nesta terça-feira, 1, o acesso ao Tinder e outros quatro aplicativos de namoro porque estariam veiculando conteúdo que o governo considera “imoral” e “indecente”. A medida ocorre poucos dias depois que autoridades ameaçaram proibir a plataforma de vídeos YouTube por motivos semelhantes.

A Autoridade de Telecomunicações do Paquistão (PTA) anunciou que impediu usuários de acessar os aplicativos Tinder, Grindr, SayHi, Tagged e Skout, porque essas redes sociais não conseguiram “moderar seu conteúdo” de acordo com as leis do país. Segundo a agência reguladora, as empresas não responderam aos avisos dentro do prazo estipulado.

O órgão afirmou que os aplicativos podem solicitar o fim do bloqueios se mostrarem que estão “regulando o conteúdo indecente e imoral, por meio de um engajamento significativo”. Contudo, não especificou o que quer dizer com “engajamento”.

Dados da empresa de análise Sensor Tower mostram que o Tinder foi baixado mais de 440.000 vezes no Paquistão nos últimos 12 meses. Grindr, Tagged e SayHi foram baixados cerca de 300.000 vezes e o Skout 100.000 vezes no mesmo período.

Shahzad Ahmad, diretor do grupo de direitos digitais Bytes For All, criticou o “policiamento moral” do Paquistão.

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“Se adultos optam por usar um aplicativo, não cabe ao Estado ditar se eles devem usá-lo ou não”, disse.

Na semana passada, a PTA pediu ao YouTube para “bloquear imediatamente conteúdo vulgar, indecente, imoral, com nudez e discurso de ódio para visualização no Paquistão”. A medida foi criticada por ativistas de direitos humanos, que temem a crescente censura e controle sobre a internet e a mídia no país.

Além disso, em julho, as autoridades emitiram um ultimato contra o aplicativo de propriedade chinesa TikTok, ordenando que filtrasse conteúdos obscenos. O aplicativo de transmissões ao vivo Bigo Live foi bloqueado por 10 dias pelo mesmo motivo.

O Paquistão, segundo maior país de maioria muçulmana do mundo depois da Indonésia, impõe inúmeras restrições à liberdade de expressão, muitas vezes em nome do Islã ou da segurança nacional. O país proíbe relações extraconjugais e a homossexualidade.

(Com AFP)

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