Morre Elisaldo Carlini, médico pioneiro no estudo de maconha medicinal

Vinicius Lobato
Por Vinicius Lobato
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Faleceu, nesta quarta-feira, 16, o médico e pesquisador Elisaldo Luiz de Araujo Carlini, maior especialista no uso medicinal e científico da maconha no Brasil. A causa da morte não foi divulgada, mas, segundo informações da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o pesquisador estava internado. Ele deixa esposa, a docente da Unifesp, Solange Nappo, filhas e netos. 

Carlini tinha 91 anos e deixa “um legado de mais de 50 anos dedicados ao estudo de drogas psicotrópicas no Brasil. Em especial, seus trabalhos sobre a maconha medicinal, colocou o CBD no foco da ciência brasileira e do mundo para o tratamento de convulsões, epilepsia, esclerose múltipla e dor crônica.”, diz nota de pesar do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), fundado por Carlini.

Referência nacional

Carlini formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (EOPM/Unifesp) em 1956, instituição na qual era professor emérito. O médico dedicou sua carreira ao estudo de entorpecentes, em especial, a Cannabis medicinal e era um dos pesquisadores mais respeitados internacionalmente no tema.

No início da década de 1970, um grupo brasileiro liderado pelo Carlini descobriu que o CBD tinha efeito antiepiléptico. Essa foi a primeira ação farmacológica descrita do CBD, mas que ficou “adormecida” por muitos anos.

Foi condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho científico, foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU). Teve mandatos como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sua obra contribuiu para a criação do PL 399/2015, que traz a possibilidade de cultivo e produção de remédio à base de Cannabis em nosso país. Inclusive, existe um abaixo-assinado que solicita que a Lei tenha o nome de Lei Elisaldo Carlini, prestando devida homenagem ao pioneiro nos estudos sobre a Cannabis para controle de epilepsia no Brasil.

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