Recuperação da economia brasileira será mais lenta que dos emergentes, aponta FMI

Vinicius Lobato
Por Vinicius Lobato
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 para queda de 5,8%, ante estimativa de recuo de 9,1% em junho, em meio à pandemia do novo coronavírus. Apesar do cenário menos pessimista após o arrefecimento das medidas de isolamento social e primeiros sinais de recuperação, o país ainda está muito atrás do esperado das outras economias em desenvolvimento. Segundo a autoridade financeira, o PIB dos emergentes neste ano fechará com retração de 3,3%. Os dados fazem parte do Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira, 13. A retomada do Brasil também deve ser mais lenta que a de seus pares. Para o FMI, a economia nacional deve avançar 2,8% no próximo ano, enquanto a média para os países semelhantes é de 6%, puxada principalmente pela China e Índia, com estimativa de crescimento de 8,2% e 8,8%, respectivamente. Para o cenário global, a entidade espera que o PIB encerre este ano com retração de 4,4%, e avance 5,2% em 2021.

“Para muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, excluindo a China, as projeções continuam precárias. Isso é reflexo de uma combinação de fatores: a continuidade da disseminação da pandemia e serviços de saúde sobrecarregados; os impactos em diversos setores, como o turismo; e a grande dependência de financiamento internacional”, informou o FMI. O PIB per capita brasileiro, que leva em consideração o crescimento da economia com a riqueza da população, também está atrás da média dos emergentes. Enquanto o FMI aponta retração de 6,4% neste ano, e alta de 2,2% em 2021, a estimativa das economias semelhantes é queda de 4,7% e avanço de 4,8%, respectivamente.

A taxa de desemprego também fica aquém da média dos vizinhos da América do Sul. O FMI estima que a falta de trabalho atinja 13,4% neste ano. É o terceiro pior cenário da região, perdendo apenas para Venezuela (54,4%) e Colômbia (17,3%). Para o próximo ano, a estimativa é que a taxa de desemprego impacte em 14,1% dos brasileiros. Também à frente apenas da Venezuela (57,3%) e Colômbia (15,8%). “Incluindo quem está em programas de redução de horas de trabalho e empregos de meio-período, a proporção de trabalhadores subempregados em algumas economias avançadas é significativamente maior do que a fração de desempregados. Os dados do mercado de trabalho são menos compreensíveis em mercados com economias emergentes. No entanto com base em pesquisas e estimativas oficiais, a taxa de desemprego em muitas economias emergentes deve aumentar significativamente neste ano”, informou o relatório.

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