Na ONU, Trump acusa China de deixar a ‘praga’ da Covid-19 se espalhar

Vinicius Lobato
Por Vinicius Lobato
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou por um discurso curto na 75ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada nesta terça-feira, 22. Apesar de sucinta, a fala, de tons eleitorais, foi densamente focada na enumeração de seus feitos na Presidência e em ataques diretos contra a China.

“Devemos cobrar a nação que deixou livre essa praga sobre o mundo”, disse sobre o novo coronavírus. O presidente americano definiu a doença como um “inimigo invisível”, além de repetir, agora perante líderes mundiais, o termo “vírus chinês”.

“O governo chinês e a Organização Mundial de Saúde, que é virtualmente controlada pela China, falsamente declarou que não havia evidências sobre transmissão entre humanos. Depois, falsamente disseram que pessoas assintomáticas não transmitiam a doença. A ONU precisa responsabilizar a China por suas ações”, disse.

Todos os discursos de líderes mundiais previstos para esta 75ª Assembleia-Geral da ONU serão virtuais e pré-gravados com dias de antecedência, com a sede das Nações Unidas parcialmente vazia. Nas próximas semanas, a ONU organizará várias reuniões temáticas virtuais sobre a Covid-19, a luta contra a mudança climática, o Líbano, Líbia, a biodiversidade, entre outros temas.

O discurso, gravado na Casa Branca na segunda-feira 21 e apresentado virtualmente, teve cerca de sete minutos, quando o tempo recomendado pela organização era de cerca de 15. O líder americano foi precedido pelo presidente Jair Bolsonaro, que alegou que o Brasil é “vítima de campanha de desinformação sobre a Amazônia“. Desde 1955, é tradição que o mandatário brasileiro abra os discursos das lideranças.

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Em sua fala, Trump enumerou todos os seus feitos à frente do governo. As afirmações, no entanto, tiveram como alvo mais o público interno do que propriamente o tema do encontro deste ano, que é “O futuro que queremos, a ONU que precisamos: reafirmando nosso compromisso coletivo com o multilateralismo”.

Em tom eleitoral, visando a reeleição à Presidência americana em 3 de novembro, o presidente também destacou políticas para o Oriente Médio, especialmente os acordos entre Israel, Emirados Árabes e Bahrein, além da campanha de pressão sobre o Irã.

O presidente citou diretamente o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, em uma operação americana em janeiro, em Bagdá. O episódio desencadeou um ataque de mísseis do Irã contra duas bases que abrigavam soldados americanos no Iraque. Além disso, o governo iraniano derrubou um avião comercial com 176 civis, segundo as autoridades, por acreditar que se tratava de uma aeronave militar americana.

“Os EUA estão cumprindo seu destino de pacificadores. Mas é uma paz através da força”, disse. Trump também mencionou ações para o Afeganistão, dizendo que a presença americana fez do país “um lugar mais seguro”.

Na segunda-feira, os EUA anunciaram a reimposição unilateral de um embargo de armas da ONU sobre o Irã, em decisão contestada pelo Conselho de Segurança da organização. O governo americano já havia anunciado no final de semana que retomaria as sanções econômicas contra Teerã que estavam suspensas pelo acordo nuclear iraniano — outra medida polêmica, pelo fato de os americanos terem se retirado do acordo em 2018.

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