UE pede que Brasil gere ‘confiança’ ambiental para desbloquear acordo

Vinicius Lobato
4 Min Read

Criticado internacionalmente pela postura na questão ambiental, o governo brasileiro precisa gerar “confiança” nesta área para quebrar o impasse no acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, afirmou o espanhol Ignacio Ybáñez, embaixador do bloco europeu no Brasil, em entrevista publicada nesta terça-feira, 29.

Foram necessários vinte anos para que UE e Mercosul chegassem a um acordo político anunciado em junho de 2019, que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos 27 países membros do bloco europeu e dos quatro do sul-americano, além do próprio Parlamento Europeu (PE).

“Esta é uma oportunidade única para os países da UE e do Mercosul, numa época em que as grandes potências, os Estados Unidos e a China, têm uma visão muito mais protecionista. Se não houver acordo, outros aproveitarão, e não será a Europa”, disse Ybáñez à agência de notícias EFE.

Mas o caminho à frente é difícil. Holanda, Áustria e França já viraram as costas ao endosso do acordo, caso o governo brasileiro não altere suas políticas ambientais. O governo Bolsonaro tem sido censurado internacionalmente por não fazer o suficiente em relação aos incêndios florestais em partes da Amazônia e do Pantanal.

Entretanto, Ybáñez disse que houve “uma atitude de maior cooperação” por parte do governo brasileiro com gestos como a criação, neste ano, do Conselho Nacional da Amazônia Legal.

Continua após a publicidade

O diplomata também destacou o envolvimento do setor privado brasileiro, com uma iniciativa pró-Amazônia liderada pelos três principais bancos privados do país, que se uniram assim à pressão dos fundos internacionais de investimento, o que exigiu uma mudança de rumo na política ambiental do Brasil.

Oposição

Os Parlamentos austríaco e holandês já rejeitaram o acordo em sua forma atual. Bélgica, Irlanda e Luxemburgo estão relutantes. Já a França segue como a principal voz da oposição ao acordo.

Na semana passada, o governo de Emmanuel Macron recebeu um relatório de um comitê de especialistas alertando para os riscos ambientais que a entrada em vigor desse pacto acarretaria. Paris apresentou então três “exigências” para a continuidade das negociações, entre elas o respeito ao Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas.

Em VEJA desta semana: os riscos dos gigantes de tecnologia para a saúde mental e a democracia. E mais: Michelle Bolsonaro vai ao ataqueVEJA/VEJA

Recentemente, a Alemanha também se juntou aos Estados-Membros da UE que já expressaram dúvidas sobre a implementação do pacto. No mês passado, a chanceler Angela Merkel colocou o acerto em xeque. “Temos sérias dúvidas de que o acordo possa ser aplicado conforme planejado, quando vemos a situação”, afirmou seu porta-voz, referindo-se à Amazônia.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse ainda que bloco quer garantias de que a cláusula de desenvolvimento sustentável será respeitada.

(Com EFE)

Continua após a publicidade

Compartilhe esse Artigo