O rascunho de Lula

Vinicius Lobato
Por Vinicius Lobato
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A proposta preliminar do programa de governo destinado a campanha eleitoral de Lula, apresentado na segunda-feira (6) aos partidos que apoiam a candidatura do ex-presidente, causou preocupação em diversas áreas, especialmente no setor privado.

Embora seja um trabalho preliminar, coordenado pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, o texto, abreviadíssimo, aponta para um governo que pressupõe um Estado bastante intervencionista, nos moldes que agradam a esquerda brasileira e pode ter efeitos positivos na caça aos votos dos mais ingênuos.

Esse rascunho petista procurou responder a clamores internos e externos sobre a inexistência de diretrizes econômicas a serem adotadas caso Lula vença o pleito de outubro vindouro.

O texto petista, com um olhar das esquerdas de campanhas anteriores do próprio Lula, remete a ideias de um passado remoto, sem qualquer vislumbre de objetivos de uma sociedades moderna, de tempos atuais do planeta em mutação. Apega-se a ideias ultrapassadas, cuja lembrança só pode ser explicada pela necessidade de produzir um trabalho eleitoral, apenas destinado à campanha presidencial.

As respostas das entidades sindicais de trabalhadores a esse documento, certamente virão contaminadas pelo apoio cego de suas principais lideranças ao candidato do PT.

A principal crítica que setores responsáveis da sociedade fazem a esse rascunho é a proposta de revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista.

Criadas na gestão do presidente Michel Temer, ambas são instrumentos modernos que, ao contrário do que preconizam os petistas e seus partidos satélites, preservam e economia e trazem as relações trabalhistas, antes calcadas no fascismo de Mussolini, a um patamar compatível com os tempos de hoje, atendendo à realidade das relações de trabalho, tanto do ponto de vista de empregados como de empregadores. A suposta perda de direitos trabalhistas é mera invenção eleitoral de Lula. A irresponsabilidade fiscal levaria o país a um beco sem saída.

Preocupa também o forte teor estatizante do texto, na medida em que essa visão, predominante nos anos 1950, já foi aqui testada com amplo fracasso. Recuar nas privatizações e insistir no Estado-investidor é, na prática, uma enorme falácia, inclusive porque esse plano preliminar não explica de onde virão os recursos que preconiza aplicar.

Resta observar que Lula não desistiu do tal controle da mídia, um instrumento antidemocrático de censura que o ex-presidente tenta disfarçar com cores libertárias e nunca explica suas reais intenções autoritárias. Se o leitor tiver dúvidas, basta ler a proposta dessa “democratização da mídia” gestada no governo Dilma. Vai levar um susto.

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